
” Seja como for, todo esse material diz respeito à Queda, à Mortalidade e à Máquina.
Inevitavelmente, com a Queda, e esse motivo ocorre em diversos modos. Com a Mortalidade, especialmente na medida em que esta afeta a arte e o desejo criativo (ou, devo dizer, subcriativo) que parece não possuir qualquer função biológica e estar à parte das satisfações da vida biológica comum, com a qual, em nosso mundo, de fato parece estar geralmente em conflito.
Esse desejo está unido ao mesmo tempo à um amor apaixonado pelo mundo primário real e, por isso, repleto com o senso de mortalidade, e mesmo assim insatisfeito com ele.
Possui várias oportunidades de “Queda”.
Podendo tornar-se possessivo, agarrando-se às coisas criadas como “suas próprias”, o subcriador deseja ser o Senhor e Deus de sua criação particular. Ele irá rebelar-se contra as leis do Criador – especialmente contra a mortalidade.
Essas duas condições (isoladas ou juntas) levarão ao desejo por Poder, para tornar a vontade mais rapidamente efetiva – e, assim, à Máquina (ou Magia).
Com a última tenho em mente o uso de planos ou artifícios (aparelhos) externos ao invés do desenvolvimento dos poderes ou talentos interiores inerentes – ou mesmo o uso desses talentos com o motivo corrupto da dominação: de intimidar o mundo real ou coagir outras vontades.
A Máquina é nossa forma moderna mais óbvia, embora mais intimamente relacionada com a Magia* do que se costuma reconhecer.”
Cartas de J.R.R. Tolkien, Carta 131.
* Até mesmo na etimologia das palavras.
Sob o Olho de VALIS
52.
Aleph Rofer